Genuinamente princesa

Foto: Divulgação

Se me perguntassem de quem eu gostaria de herdar o guarda roupa, responderia sem pestanejar: Grace Kelly. A atriz sempre esteve no meu imaginário quando se tratava de moda e, claro, por conta dos filmes do Hitchcock (assisti a todos com participação dela).  Qual foi a minha surpresa ao descobrir, há cerca de um mês, que a faculdade onde faço minha especialização iria abrigar uma exposição sobre sua vida e carreira? Confesso que não esperava muito, não sei por quê. Imaginei que iria me deparar com fotos, pôsteres de filmes e alguns vestidos (réplicas, provavelmente). De fato, tudo isso estava lá. Mas DEFINITIVAMENTE não era só isso.

Decidi visitar a exposição logo na abertura, há quatro dias. Abrigada no luxuoso Museu de Arte Brasileira da FAAP (que até então, pasmem, eu não conhecia), a exposição “Os Anos Grace Kelly, Princesa de Mônaco” é mais do que bonita e informativa: ela é genuinamente emocionante. Eu recomendo, inclusive, que ela seja apreciada mais de uma vez, porque o impacto inicial é tão forte que fica difícil acompanhar de forma tradicional, como em uma galeria de arte.

Dividida em 12 salas, a exposição faz um percurso por toda vida da atriz, da infância e juventude regrada até se tornar princesa de Mônaco. O acervo, todo cedido pelo Palácio Principesco de Mônaco, é bem conservado (e quase 100% original, exceção de uma ou outra réplica de vestido) e de uma nostalgia super charmosa. Logo na primeira sala, “Filadélfia”, cidade onde Grace nasceu e cresceu, há uma rica coleção de fotos e vídeos da atriz com a família em férias na praia. Mas o que mais me chamou atenção foi um tosco álbum de páginas já desgastadas onde Grace guardava memórias do seu dia-a-dia, de cartões de publicidade a papéis de bombom, tudo muito delicado. Essa percepção de delicadeza veio permear todas as outras 11 salas que percorri. As fotos, lembranças e vestidos de beleza extraordinária fazem elevar nosso espírito feminino a enésima potência.

Nos bastidores de "Janela Indiscreta" (1954) com James Stewart e Alfred Hitchcock. Foto: Divulgação

Uma das salas mais bacanas era a “Hitchcock”, dedicada a relação de Grace com o diretor Alfred Hitchcock (MESTRE). Ambientada em um prédio que remetia ao filme “Janela Indiscreta”, o espaço tinha uma réplica da cadeira que o personagem de James Stewart (LINDO DE MI VIDA!) usava no filme, além de cartas trocadas entre a atriz e o diretor inglês. Além de “Janela Indiscreta”, Grace fez outros dois filmes do diretor, “Disque M para Matar” e “Ladrão de Casaca” – o último, filmado em Mônaco, de onde se tornaria princesa pouco depois.

Ao entrar na sala “Casamento” tive uma síncope. Só não chorei porque seria vergonhoso, mas ao me deparar com o icônico vestido usado por Kelly para o casamento com o príncipe Rainer III, fiquei minutos olhando e admirando, com olhos marejados, aquele que para mim é o vestido de noiva mais bonito de todos os tempos. Presente da Metro-Goldwyn-Mayer, o vestido é da designer Helen Rose, figurinista da empresa na época. De seda, rico em detalhes de renda bordada, a peça se tornou umas das mais copiadas de todos os tempos. Os delicados sapatos usados pela agora princesa levavam apliques de pérolas deixando tudo mais fino. Diferente das outras peças que pertencem ao Palácio Principesco de Mônaco, o vestido foi doado pela própria Grace Kelly ao Museu de Arte da Filadélfia. 

Sala "Bailes" com criações de Dior, Balenciaga e Hanae Mori. Foto: Moodismo

Quando eu achava que nada mais iria me impressionar, adentro a sala “Bailes” com 23 luxuosos vestidos, criações de Christian Dior, Yves Saint-Laurent, Madame Grés, Marc Bohan, Balenciaga, Maggy Rouff e Hanae Mori para a princesa de Mônaco. Todos lindíssimos e atemporais (exceção de um vestido de tafetá pink, que remete a indumentária rococó). Mas o que me encantou de verdade foi um Yves Saint-Laurent longo em musselina de seda bordado em fio de ouro. Mangas levemente bufantes e transparentes além de uma cintura marcada dão o charme a mais a essa peça mais do que perfeita.

Vestido em musselina de seda bordado em fios de ouro Yves Saint-Laurent (Outono-Inverno 1971). Foto: Ousadia Fashion

Os vestidos elegantes ainda apareceram nas salas “Glamour” e “Princesa”, abrigadas no mesmo espaço. As bolsas Hermès, uma mais lindinha que outra, roubaram a cena. Claro que a clássica “Kelly” – bolsa que leva seu nome graças ao uso constante pela princesa – estava lá, imponente, sonho de 10 entre 10 mulheres no mundo inteiro.

Ainda tinha a última sala a visitar, com fotos da princesa junto a autoridades como o papa João Paulo II, príncipe Charles e Lady Di, a Rainha Mãe Elizabeth (que se referia a Grace como “umas das nossas”), entre outros. As joias são um espetáculo a parte, em especial uma bonitinha caixinha de pó arroz toda de ouro branco e amarelo, com platina e diamantes.

Não vou mentir: a exposição é, acima de tudo, muito mais para quem gosta de moda. Há a parte de cinema, da monarquia, mas o brilho está nos vestidos e trajes usados pela atriz. Se você é homem, não gosta de moda e nem de cinema, pode ir à exposição pra suspirar. Enquanto eu olhava algumas fotos na sala “Encontro”, um menino ao meu lado dizia: “pela madrugada, que mulher era essa”. Olhei pra ele e ri, mas, de fato, é impossível não se impressionar. Grace conseguiu manter sua beleza até a trágica morte, aos 52 anos, em um acidente de carro. Ao olhar suas fotos na maturidade é impossível não perceber como a beleza continuava intacta, agora parecendo com outra diva do cinema, Catherine Deneuve.

Triste mesmo foi não poder tirar fotos. As que estão aqui foram gentilmente cedidas pelas colegas do Moodismo e a do vestido YSL tirei do blog Ousadia Fashion.

A expô fica até dia 10 de julho, então não tem desculpa pra faltar a essa aula de elegância e feminilidade.

 

p.s: O post é dedicado a minha mãe, o meu maior exemplo de feminilidade e delicadeza.

Santa Copa!

Mesmo não entendendo absolutamente  nada de futebol, há sempre um bom motivo para assistir os jogos da Copa: a beleza dos jogadores. Dos times de primeiro escalão até os mais furrecas (os últimos, diga-se, mandaram alguns grandões de volta pra casa mais cedo este ano), sempre tem aquele jogador que se destaca pela beleza estupenda, pelo charme e/ou estilo. Como eu não tenho nada a acrescentar falando do talento futebolístico dos moços, me dedico a falar dos dotes físicos deles que é o que interessa mesmo. Analisando minuciosamente algumas fotos e dando uma olhadinha nos jogos, foi dificílimo chegar a essa lista sem lamentar ter que tirar alguns belíssimos. Mas como Top Five é Top Five, eis o meu ranking.

 

Seleção italiana

O jogo contra a Holanda que levou a seleção italiana embora pra casa mais cedo foi o mais deprimente de todos até agora. Muito triste ver um bando de marmanjo LINDO sendo eliminado logo no início da copa! Apesar de ser a tiete número 1 do Cannavaro (afinal, gente, olhos verdes, tatuado, malhado no ponto, etc etc), não podia deixar os outros jogadores belos de fora. Naquele time ainda tem Vincenzo Iaquinta e uns tantos outros que eu não sei o nome. Mas basta dar uma olhada nessa foto aí em cima pra confirmar o que eu estou falando.

 

Roque Santa Cruz (Paraguai)

Não sei absolutamente nada sobre a vida deste moço, que, aliás, tem um nome muito escroto. Só sei que desde a última Copa já havia reparado nos traços perfeitos, o sorriso lindo e o charme inigualável. Acho que tem um Qzão de latino mesmo, o que o deixa ainda mais interessante.

 

 

 

 

 

 

Kaká (Brasil)

Podem falar que ele é sem graça ou tem uma beleza normal, mas pra mim o Kaká é dono de um rosto perfeito. Ele faz mais a linha fofinho mesmo, o que não muda minha opinião quando digo que ele tem rosto excepcional. E ele é da seleção brasileira, né? E, vale ressaltar, é o único bonito dentro desse time – sim, porque Júlio Cesar é apenas OK.

 

 

 

 

Carlos Bocanegra (EUA)

Olha, meu filho, com esse nome tu já me conquistastes. Agora ser bonito desse jeito é querer humilhar os demais, né? Sem palavras. A gente pode ficar olhando pra essa foto aí por horas que não vai se cansar. 

 

 

 

 

 

 

 

Xabi Alonso (Espanha)

Como no caso do Roque Santa Cruz, o nome não ajuda. Mas basta olhar para o 1,83m de beleza do moço que tudo muda.

Na pré-estreia de ‘Ao Sul da Fronteira’

A vinda do cineasta norte-americano Oliver Stone foi aguardada o dia inteiro no último dia 31 de maio, no teatro da Fundação Armando Álvares Penteado, em São Paulo. Estudantes da instituição e jornalistas dos mais diversos veículos estiveram no local para conferir a pré-estreia exclusiva do documentário ‘Ao Sul da Fronteira’ – no qual Stone entrevista as principais lideranças esquerdistas da América do Sul –, seguido de uma coletiva com o diretor, que por duas vezes teve de ser adiada por problemas do cineasta com visto de entrada no país.  O diretor está em viagem pela América do Sul para divulgação de seu novo documentário.

Conhecido por ser controverso e ferrenho crítico do governo americano, Oliver Stone mostra claramente em ‘Ao Sul da Fronteira’ sua admiração pela figura de Hugo Chavéz, principal protagonista do documentário. Retratado como líder de uma ‘transformação social’ na América Latina, o venezuelano tem sua história contada desde os tempos de tenente-coronel, a tentativa frustrada de chegar ao poder por um golpe de Estado em 1992, até sua chegada à presidência em 1999, onde ficou desde então. Evo Morales, presidente boliviano, também tem sua história contada até a ascendência ao poder. Os demais presidentes entrevistados – Lula (‘presidente centro-esquerdista’), Fernando Lugo (Paraguai), Cristina Kirchner (Argentina) e Rafael Correa (Equador) – são apenas antagonistas. Quem também dá entrevista ao diretor é Raúl Castro, irmão de Fidel Castro, e atual presidente cubano.  

Considerado tendencioso por muitos, o documentário (que já foi exibido em alguns estados americanos e europeus) tem a grande sacada de mostrar ao público como a mídia americana demoniza ao extremo líderes como Chavéz e Morales – retratados de forma até hilariante perante o público – e suas informações um tanto quanto caluniosas. “Com o documentário, quis mostrar o outro lado de todas essas informações. Os americanos não sabem o que realmente acontece por aqui. Sei que haverão várias críticas sobre o filme por lá. Mas não sou um socialista, sou apenas humanitário”, esclareceu o diretor na coletiva. 

‘Ao Sul da Fronteira’ tem momentos engraçados quando o diretor, ao lado do presidente da Bolívia Evo Morales, experimenta compulsivamente folha de coca, usada por muitos nativos com o objetivo de diminuir os sintomas respiratórios causados pela altitude do ar no país. Outro momento hilário fica por conta do presidente Hugo Chávez que, ao visitar um terreno onde passou sua infância, passeia de bicicleta pelo local e acaba por danificar o objeto.

p.s: a matéria também pode ser conferida aqui.

Panela velha é que faz comida boa

Me desculpem os mais novos, mas homem maduro (velho?) é fundamental. Homens mais velhos geralmente são mais charmosos, mais experientes e conversam melhor. Inúmeras são as qualidades deles. E no mundo do entretenimento/cultura/arte não é o contrário.  Nesse ramo, a maioria dos homens acima dos 40 são mais interessantes, talentosos e charmosos. Pelo menos na minha listinha, que ficou mais ou menos assim:

Benicio Del Toro

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aaaahhh, o charme latino. Me desculpem os engomadinhos de Hollywood, mas Benicio Del Toro, no auge de seus 42 anos, transpira ZENZUALIDADE. Minha mãe acha que eu sou louca por causa dessa opinião e diz que o Benicio parece ter cheirado trocentas carreiras de pó só por causa das olheiras. Logo elas que são um charme a mais na aparência dele. Benicio não é sarado, tem até uma barriguinha, but who cares? Pelo menos no caso dele, eu não. Além disso, ele tem o plus de ser muito cool, (quase) sempre escolhendo bons projetos para participar, sendo amigo de gente como Sean Penn e é fã de Rolling Stones. Com todas essas qualidades, não à toa conquistou atrizes hollywoodianas como Scarlett Johansson, Claire Forlani, Juliette Lewis e Alicia Silverstone – além da italiana Valéria Golino e a filha de Catherine Deneuve e Marcelo Mastroianni, Chiara -, que caíram de amores pelo porto-riquenho.

John Cusack

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Qual menina que curte música não ficou completamente apaixonada pelo personagem Rob Gordon, interpretado por John Cusack no filme “Alta Fidelidade” (2000)? Foi nesse filme que conheci o trabalho de John e, consequentemente, me encantei. Aquela cara de bobão, o medo de ficar solteirão aos 30 e pouco (pra ver como isso não é só neura das mulheres) e o excelente gosto musical… No auge dos seus 43 anos, Cusack não faz exatamente o tipo galã, mas bancou o mocinho apaixonado em dezenas de filmes (alguns bons, outros ruins) nas últimas décadas. Sempre com aquela carinha linda APAIXONANTE de menino abandonado. Na minha opinião é um dos melhores atores dessa geração, sempre muito versátil. Atualmente Johnzinho está nos cinemas em “2012”, filme que vou ver só por causa dele, dele e dele.

Brad Pitt

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Brad Pitt é como vinho. Quanto mais velho, melhor. É incrível como ele fica melhor com o tempo, coisa que Tom Cruise, por exemplo, não conseguiu. Quem viu “Bastardos Inglórios” sabe do que estou falando. Com  rugas mais proeminentes, o cabelo sem blondor, o estilo mais despojado… simplesmente d-i-v-i-n-o! Não acho que ele seja um ator do quilate do Benicio ou John, mas, em geral, se envolveu com bons projetos (“Clube da Luta”, “Snatch”, “Queime depois de ler”) em atuações medianas. Mas, como o quesito pra aparecer nessa lista não é necessariamente o talento, Brad tem seu lugar garantido aqui.

Johnny Depp

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Opa, opa, meus queridos. Esse aqui reina absoluto na lista de váááárias mulheres. Johnny Depp é unanimidade entre as meninas quando se fala de homem bonito e maduro. Diversas vezes eleito o homem mais sexy do planeta por publicações do mundo inteiro, Johnny tem atualmente 46 anos  num corpo tatuado e escultural de 1.78m (rá!). Como os anteriormente citados, também tem uma carreira brilhante, com papéis desde já antológicos, em filmes igualmente bons. Winona Ryder, Kate Moss e Vanessa Paradis são as sortudas que já puderam desfrutar do charme do lindão.  

Dave Grohl

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Tá, gente, ele pode não ser bonitão, mas é um fofo cuti-cuti-xi-nenê. Eu ia colocar o Gerard Buttler (sugestão da minha amiga Rafaela Malcher) mas vi que não tinha absolutamente ninguém da música nessa lista. Então pensei “por que não o Dave Grohl?”. Eu ouço ele desde de muito novinha e sempre fui apaixonada por ele, não porque ele é bonitão, mas porque sempre foi muito cool. Ele tocou no Nirvana, é líder do Foo Fighters, participa de projetos paralelos muito legais como o Probot e o Them Crooked Vultures, ele é sensacional. E esse ano fez quarentinha, então, pode aparecer na listinha.

Pequenas pérolas do cinema que surgiram por acaso na minha vida – parte II

“Bem-vindo à Casa de Bonecas” (1995)

8Com este filme pouco conhecido comecei meu caso de amor com o controle remoto e a TV a cabo. “Bem-vindo à Casa de Bonecas” – filme de 1995 dirigido por um então desconhecido Todd Solandz – não tem, a priori, nenhum atrativo. A começar pelo título, um tanto quanto infantil/pré-adolescente, e, ao ver um dos pôsters dele, você tem a certeza de que realmente é um filme direcionado a este público, só que com atores e diretor toscos. Era essa a impressão que eu tinha antes de ver. Antes. Em uma daquelas tardes calorentas sem porcaria nenhuma pra fazer, pensei em dar uma chance a ele. Mesmo com tudo conspirando contra o pobre, mudei para o finado Telecine Happy e comecei a assistir. 

Um dos primeiros filmes do diretor Todd Solondz – que durante os anos 90 se consagrou como um dos mais talentosos diretores do cinema alternativo americano -, “Bem-vindo à Casa de Bonecas” é um retrato da fria sociedade americana, sobre tudo em um dos redutos onde ela pode ser mais cruel: na escola. Ainda mais para uma menina que está passando da infância para adolescência e não é exatamente atraente, apesar de todas as boas intenções para com seus entes. Dawn Wiener, interpretada brilhantemente por Heather Matarazzo (“O Advogado do Diabo”, “O Diário da Princesa”, “Pânico 3”), é um dos personagens que melhor personificam o loser americano. Apesar de ser uma menina de bom coração, é ridicularizada e humilhada por amigos e familiares, e tenta de todas as maneiras se tornar alguém agradável para quem sabe um dia ter a atenção dos pais (que dedicam tempo quase que integral ao filho inteligente e à filha mais nova da família, uma bailarinazinha pentelha) e ser admirada pelos colegas.

O grande diferencial do filme é que, diferente dos típicos filmes hollywoodianos, Dawn não se torna numa diva loira e bem arrumada da escola, e sua saga é retratada ao mesmo tempo de forma angustiante e cômica, provocando sentimentos antagônicos nos telespectadores – coisa que só o Solondz pode fazer. Em um dos momentos mais engraçados do filme, Dan chega ao fundo do poço ao permitir que um colega da mesma faixa etária a estupre, pensando assim se tornar alguém “cool”. Fora o final do filme, quando sua irmã desaparece e, em uma tentativa heróica de se tornar importante, vai atrás da menina em outra cidade. Claro que eu não vou contar o que acontece porque vocês vão ter que ver o filme (dã).

Cheio de diálogos inteligentes e engraçados, “Bem-vindo à Casa de Bonecas” é um clássico do cinema alternativo americano nos anos 90, que revelou para o mundo Todd Solondz, um nerd tipicamente loser que conseguiu captar o quão crua e podre pode ser a sociedade americana, só que com um humor bastante ácido. É incrível a capacidade que um filme dele tem de causar sensações tão distintas. Em “Felicidade” de 1997, por exemplo, entre várias estórias, Solondz retrata a rotina de um psiquiatra que vai até à casa dos coleguinhas do filho para molestá-los. Onde pedofilia poderia se tornar tão engraçado? Só num filme de Solondz. 

Pequenas pérolas do cinema que surgiram por acaso na minha vida – parte I

Procura-se Susan Desesperadamente” (1985)

9Procurar filmes na TV a cabo em madrugadas modorrentas ou quando deixo de lado o vício da internet me permitiram, por vezes, descobrir algumas pequenas pérolas cinematográficas que até então mal tinha ouvido falar. Não minta aí do lado, você, que gosta dos grandes medalhões do cinema, que quando procura filmes na SKY vê se na sinopse tem um Woody Allen, Truffaut, Kurosawa etc. Eu faço isso, pô. O que, convenhamos, não é nenhum demérito. O mundo seria um lugar melhor se houvessem mais pessoas fãs desses diretores.

Para, digamos assim, ampliar o meu conhecimento cinematográfico e não ir só nos diretores habitués, às vezes bate a louca em mim e assisto ao filme que está passando no primeiro canal que eu mudar. E não assisto apenas filmes “cult” (seja lá o que for o real significado dessa palavra); eu gosto de filmes ditos “comerciais”, com referências pop e até uma boa comédia americana (recentemente assisti o Se beber, não case e gostei, por exemplo). Não tente pagar de inteligente dizendo que ama o Tarantino porque os filmes dele são “para a nata intelectual” quando na verdade são cheios de referências pop. Kill Bill, por exemplo, guardadas as devidas proporções, é quase um filme do Jackie Chain quero causar polêmica, com o diferencial das boas atuações, da melhor direção e dos diálogos inteligentes e bem elaborados. E ainda assim, pra mim, o Tarantino continua sendo genial.

Mas o assunto não é Tarantino, portanto, vamos logo a listinha “robfleminguiana” é que é. A lista é aleatória, não tem um que eu goste mais que o outro. Tem filme cult, pop, e todas essas rotulações que o povo gosta de colocar mas que eu costumo chamar apenas de bom cinema.  Um filme para cada post.

O primeiro filme estrelado por Madonna depois de alcançar a fama mundial no mundo da música é uma comédia leve, com um enredo simples, despretensioso e descontraído. Este filme eu conheci por conta de uma promoção que O Liberal (ou era a Isto é?) fez e que, entre outros filmes, trazia uma VHS de “Procura-se Susan Desesperadamente”. Assisti sem maiores expectativas e acabei viciadinha nesse pequeno clássico dos anos 80 que, com certeza, é o filme mais legal estrelado por Madonna, e é onde ela tem sua melhor atuação também. E a trilha, embalada por “Into the Groove”, a-h-a-z-a! No livro “Mate-me Por Favor” dizem que o personagem que faz o namorado da Madonna é o Richard Hell (ex-Television), mas isso é balela. Dirigido por Susan Seidelman (?).

Estrelado também por Rosanna Arquette, a estória se passa em Nova York com as personagens Roberta Glass (Arquette) e Susan (Madonna) tendo suas vidas entrelaçadas por conta de anúncios em classificados de um jornal local. Entediada com o casamento e sua vidinha mais ou menos, a dona de casa Roberta começa a ler nos classificados recados trocados por Susan e seu namorado, usados como forma de comunicação entre eles. Como uma voyeur, Roberta passa a seguir os passos do casal e fica fascinada com o entrosamento dos dois e pela figura de Susan – uma mulher rebelde, despojada e de um estilo sem igual (o visual que mais marcou a Madonna, na minha opinião). Em um dos momentos que vai atrás dos dois, Roberta acaba sofrendo um pequeno acidente que a faz ter perda temporária de memória. No mesmo dia, coincidentemente, um amigo do namorado de Susan vai busca-lá no local para oferecer lugar pra dormir. Sem ter tanta certeza de que era a real Susan, confia na intuição e se baseia nas características físicas e na vestimenta (um casaco “do Jimi Hendrix” que Susan vendeu em um brechó e Roberta acabou comprando) da mulher para levá-la pra casa. Aí é só o começo da confusão. O filme ainda tem o climinha suspense por conta de um roubo de brincos, que envolve a “encrenqueira” Susan, quase uma Ferris Buller.

Artistas que a gente curte mas não conta pra ninguém – parte 1

shutupKelly Osourne põe muita riot grrrl no chinelo. Começo meu texto com uma frase bombástica como pede o jornalismo logo no lead pra “prender o leitor”. Sim, eu gosto do som que a Kelly Osbourne faz, ou, pelo menos, do disco “Shut Up”. As pessoas abrem um olho do tamanho do mundo quando digo que acho o som dela legal. “Como assim?” é a primeira frase que soltam quando veem o disco de estreia da gordinha na minha prateleira de CDs. Ela faz parte do meu seleto grupo de artistas do tipo que “a gente curte mas não conta pra ninguém”.

Ouvi falar dessa figura pela primeira vez com a exibição do reality show The Osbournes – seriado sensacional e muito engraçado exibido pela MTV que mostrava o dia-a-dia da família do roqueiro Ozzy Osbourne. Com o fim da primeira temporada da série, Kelly lançou uma cover S-E-N-S-A-C-I-O-N-A-L de “Papa Don’t Preach”, canção originalmente gravada por Madonna, e que ficou muito mais legal na versão da filha do Ozzy. Até aí beleza. Com o lançamento da segunda temporada ficamos sabendo que ela lançaria um disco e, desta vez, como todo mundo, pensei “que ridículo”.

Não dei muita bola pra isso até ler uma resenha na extinta revista de música [] Zero, que dizia que o disco de estreia de Kelly Osbourne, “Shut Up”, era “melhor do que de muitas bandas da nova geração roqueira” (leia-se, Strokes, White Stripes, Hives, etc). Pensei “putz, que exagero”, mas não custava tentar, né? Nem lembro quem resenhou o CD, mas resolvi confiar na palavra do jornalista.

Comprei o disco e fiquei de queixo. Em onze faixas – além da escondida “Papa Don’t Preach” – a gordinha destila puro pop-rock garageiro, daqueles com refrões e riffs que grudam no ouvido como chiclete. Não tem uma música ruim. Até o momento baladinha com a canção “More Than Life Itself” é legal. Difícil listar as melhores do disco porque são todas muito bem produzidas e legais, mas arrisco “Disconnected”, “Come Dig Me Out”, “Contradiction” e “On You Own”.

As músicas foram todas compostas em parceira com produtores que, com certeza, foram 99% responsáveis pelo disco ter saído tão bacana. Que a Kelly Osbourne tenha lá o seu talento, pode até ser, mas certamente o disco não seria bom só com composições dela. E, vamos combinar, só com a ajuda deles a voz dela ficou legal no disco.

Depois do lançamento deste disco soube que Kelly havia lançado outro rebento, “mais eletrônico e completamente diferente do primeiro”. Quer saber? Nunca fui atrás do disco. Sabia que ela não lançaria coisa mais legal que “Shut Up”. Preferi deixar na memória que ela podia ter talento mesmo. Mais talento que muitas bandas chatas do movimento riot grrrls, com certeza. Pelo menos com este disco.

5 referências fashionistas na música

O primeiro post de “Irmã Morfina” começa falando de estilo. Ou melhor, senso de estilo, porque estilo próprio todo mundo pode ter, mas ter senso de ridículo é outra história. Coisa que acontece com muitas pessoas que pertencem a tribos, digamos assim. Geralmente há uma premissa para pessoas que gostam de música de que, se você gosta de um tipo de um som específico, é fundamental usar roupas de acordo como tal. Pra ouvir punk, use tachas e calça jeans rasgadas; para os amantes de bandas indies, use óculos de aro grosso além do velho All Star guerra.

Depois que se chega numa certa idade esse lance de pertencer a uma tribo e ser “cool” é muito estranho. Nunca entendi certas pessoas que se acham a última bolacha do pacote, trajadas com estilo “alternativo” de gosto duvidoso, mesmo estando na casa dos vinte e poucos anos. Parece-me nonsense demais. Quando se tem 16 anos dá pra entender – nessa tenra idade eu, por exemplo, queria ter o estilo igual ao da Courtney Love. Mas eu tinha apenas 16 anos!!!

Gente, pra ouvir Patti Smith não é preciso andar com roupas masculinizadas e cabelo fedido. Se ela quer ser assim, azar o dela, contanto que ela continue fazendo boa música, that’s what matter. Pensando nisso – e sendo amante de música e de moda – listei cinco referências fashionistas no ramo musical que devem servir de inspiração sempre.  

Debbie Harry

Debbie Harry

A mais feminina das roqueiras é minha “ídola” número 1. Foi por culpa da Debbie Harry que conheci um trilhão de bandas legais da chamada era punk/new wave e também um senso de estilo criativo sem igual. Para quem é ligado no atual revival fashion dos anos 80, Debbie Harry é umas das pessoas famosas que melhor personificam essa era. Eu poderia citar Cyndi Lauper, mas aqui estamos falando de bom gosto e senso, coisas que Debbie Harry tem (tinha?) de sobra. Cores vivas, grafismo, macacão, bodys, legging, cintura alta, Ray-Ban Wayfarer e alfaiataria estavam lá no visual de Debbie, no final dos anos 70 e início dos 80. Tá certo que, vez ou outra, ela escorregou no visu, mas, afinal, que ícone da moda não o fez?

Scarlett Johansson

Scarlett Johansson

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Atual musa do cinema americano, Scarlett Johansson também é referência quando o assunto é moda e elegância. Alguns podem se perguntar “oras, mas ela não era atriz?”, e eu respondo que sim, cabeçudo, mas ela também resolveu se enveredar pro ramo da música gravando um disco (fraco) com músicas de Tom Waits e tá pra lançar o segundo rebento. Ninguém disse que ela poderia ser cantora, mas ela tem talento de sobra para a atuação nas telonas, além de se vestir bem. Com apenas 24 anos, ela já foi garota propaganda de diversas marcas como Louis Vuitton, Dolce & Gabbana e a espanhola Mango, entre outras, e capa das principais revistas de moda do mundo. O estilo quase sempre tem referência nos 50’s, variando entre o comportado e o sexy, rendendo muitas comparações com Marilyn Monroe. A atriz chegou a lançar sua própria marca também (que agora não me recordo o nome) com roupinhas no estilo esportivo.
 
Marianne Faithfull

Marianne Faithfull

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Marianne entra pro panteão “rainha do estilo anos 60”. Do estilo mod – com sapatos anabela, oxford shoes, além de cardigãs e minissaias – passando pelo estilo hippie-psicodélico do final da década, Faithfull se tornou referência para a moda daquela época – juntamente com a modelo Anita Pallenberg. Influência para vários nomes importantes do meio musical, como Beck, Courtney Love, Kurt Cobain e PJ Harvey, infelizmente viveu à sombra da estrela dos membros dos Rolling Stones, de quem era amiga íntima e namorada, por anos, de seu líder, Mick Jagger. Com eles fez uma das canções mais melancólicas e pesadas da banda, “Sister Morphine” (que dá nome a este blog). Durante ao anos 70 e 80 foi o retrato da diva decadente, viciada nas drogas mais pesadas possíveis, que detonaram, literalmente, a outrora voz límpida.

Carla Bruni

Carla Bruni

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Antes do casamento com o presidente da França, Nicolas Sarkozy, acho que só tinha ouvido falar da cantora italiana Carla Bruni na minha aula de frânces, quando alguém citou que gostava de uma música dela. Hoje, lembro de ter ouvido algumas músicas dela, mas não me recordo se ela é ou não uma artista talentosa. Mas uma coisa não se pode negar: Bruni tem talento de sobra para se vestir bem. XÉZUIS, eu quero um guarda-roupa daquele! Trench-coats, boleros, tailleurs, casaquetos, pashminas, mantô, sapatilhas, tudo combinando, com o visual sempre muito sóbrio (como já definiu a revista “Vogue”) e quase sem aderir à estampas. Diversas vezes comparada à Jackie ‘O, merecidamente.

Lily Allen

Lily Allen

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Ela pode até escorregar no visu às vezes, e você pode até não curtir, mas eu acho a proposta do visual “divertido” super acertado. Faixas e laços no cabelo, vestidinhos coloridos que remetem os anos 60 com um ar quase infantil. E Lily Allen tem, pelo menos, um disco muito legal, “It’s Not Me, It’s You”, lançado no começo deste ano. O ápice de “fica dica de como se vestir bem” foi no clipe de “It’s Not Fair”, uma pérola pop com batidão (?) country onde Lily usa um macacão D-I-V-I-N-O que caiu como bem no corpo de apenas 1,57.

Oiê!

Depois de muita relutância e um tanto de preguiça, finalmente coloco no ar um blog para chamar de meu. O nome, um tanto quanto curioso, é tirado de uma das canções mais sombrias dos Stones, de autoria da duplinha Mick Jagger/Keith Richards com a igualmente junkie Marianne Faithfull. Foi praticamente um parto chegar a um nome definitivo. Tentei até colocar “Sister Morphine” – o nome original da canção – mas já tinha o domínio do nome aqui no WordPress.

Antes de “Irmã Morfina” tive um blog onde postei alguns textos pingados, a maioria matérias que eu escrevia no jornal. Nada, digamos assim, pessoal. Aliás, acredito que o fator principal de eu não ter criado logo esse blog foi minha implicância em escrever em primeira pessoa.

Sem mais delongas, o primeiro post é só de apresentação. Aqui você vai encontrar textos sobre música, cinema, moda e comportamento, todos passíveis de crítica, mas sempre mantendo o respeito, que é bom e eu gosto. E tenho dito.

p.s: Amigo que é amigo linka. Linka meu blog aí.